Carregando a casa
caracol deste quintal
não recebe amigos.
Ao sol da manhã
caracol atravessando
com olhos vidrados.
Paro no farol.
Atravessando a calçada
caracol sem pressa.
Em pleno janeiro
as nuvens se desfazendo
diante dos olhos.
Sem nada fazer
janeiro prossegue longo
suspenso na rede.
Começa janeiro.
Um portão de ferro range
como sempre fez.
Natal se aproxima.
Alguns amigos se vão
sem deixar mais rastros.
Cartões de natal
aos montes na portaria.
Nenhum para mim.
Quem vai se lembrar
do vagabundo da rua?
Um natal distante.